O ano era 1974 e mais uma Copa do Mundo estava à porta. Na Argentina, país que sediaria o maior evento futebolístico do mundo pela primeira vez, um meia-atacante de apenas 16 anos chamava a atenção de todos pelo futebol abusado e ofensivo. O técnico da seleção principal Cesar Luis Menotti já o havia observado algumas vezes, mas ainda tinha dúvidas com relação à sua convocação para o Mundial porque ainda o considerava muito inexperiente para a responsabilidade. Mesmo que ele já correspondesse no time profissional do Argentinos Juniors e defendesse as seleções de base.
Ainda naquele ano, a fama do menino começou a superar as fronteiras argentinas, chegando ao vizinho e arqui-rival Brasil. Aqui, um jornalista portenho radicado no país, Manolo Epelbaum, percebendo o potencial do jovem, o indicou ao clube mais popular da nação, o Flamengo. Contou ao então presidente Hélio Maurício (no cargo de 1974 a 1976) sobre a habilidade do jogador baixinho e rápido, de pouca idade e muito futebol. Tentou convencê-lo de que valia a pena investir na contratação do jovem atleta argentino. Ouviu um não e uma justificativa que não esquece até hoje.
“De craques de 16 anos, o Aterro está cheio”, respondeu Hélio Maurício a Manolo, citando o lugar famoso por ser fonte de jovens jogadores para justificar a negativa. Mal sabia ele, Helio Maurício, nem Manolo e Menotti, muito menos todo o resto do mundo, que aquele menino se tornaria o maior jogador da história da Argentina e um dos maiores do mundo. Seu nome? Diego Armando Maradona.
Manolo Epelbaum mora no Brasil desde 1956, é amigo pessoal de Cesar Luis Menotti e trabalha atualmente como comentarista do canal SporTV. Viu Maradona jogar pela primeira vez em 1973, em um amistoso disputado no estádio do Vélez Sarsfield (José Amalfitani, em Buenos Aires), entre a seleção juvenil e um combinado formado por jogadores de divisões inferiores da Argentina. Estava acompanhado de Menotti e, assim como ele, encantou-se desde o primeiro toque na bola dado por El Diez.
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