A Bósnia será a única seleção estreante na Copa do Mundo de 2014, no Brasil. O número frustra um pouco parte da torcida, que esperava países de primeira viagem no Mundial do ano que vem. E com alguma dose de razão: em relação às Copas do Mundo anteriores, a edição no Brasil terá o menor número de estreantes desde 1950, quando apenas a Inglaterra disputou o Mundial pela primeira vez. Também no Brasil.
Foram duas estreias em 2010 (Sérvia e Eslováquia), sete em 2006 (Angola, Costa do Marfim, República Checa, Gana, Togo, Trinidad & Tobago e Ucrânia), quatro em 2002 (China, Equador, Senegal e Eslovênia), quatro em 1998 (África do Sul, Croácia, Japão e Jamaica) e três em 1994 (Arábia Saudita, Grécia e Nigéria), por exemplo.
No quesito “estreantes”, a Copa de 2014 será a de menor expressão em toda a história. Ainda que 1950 tenha tido apenas uma estreia, o Mundial em questão teve apenas 13 seleções, contra 32 que estarão no próximo. Além disso, aquela Copa do Mundo deveria ter 16 seleções, mas três países desistiram após a vaga assegurada: Escócia, Índia e Turquia. Curiosamente, as três seleções estreariam.
Bem, mas vamos olhar com otimismo para estes números. Se a Copa do Mundo de 2014 terá apenas um estreante, mais de uma centena de países seguem esperando sua primeira chance em um Mundial. Para ser mais exato, segundo cálculo deste blog, são 130 os países filiados à Fifa que ainda buscam a vaga para a primeira Copa do Mundo de sua história. Entre eles, países com relevante projeção política e esportiva, como Catar, Finlândia, Índia, Nicarágua, Panamá, República Dominicana, Tailândia, Quênia, Somália e Venezuela.
A lista de países que jamais disputaram uma Copa do Mundo conta com algumas “baixas” curiosas. Afinal, as participações de países como Cuba (1938), Indonésia (1938), País de Gales (1958), Israel (1970), República Democrática do Congo (1974, como Zaire), Kuwait (1982), Canadá (1986) e Emirados Árabes Unidos (1990) nem sempre são lembradas como devem – por aqui, galeses e congoleses são mais lembrados por seus confrontos com o Brasil nos Mundiais em questão do que pelas participações em si.
Para quem tem algum interesse em seleções de menor escalão (e tome “menor escalão” em alguns casos), este blog listou por confederação continental os países que ainda buscam seu lugar ao sol pela primeira vez – a África lidera a estatística, com 41 países tentando a estreia. A lista tem ainda os principais candidatos a romper tal barreira a curto prazo, em uma análise um tanto quanto opinativa.
Confira abaixo:
ÁFRICA (41)
Benin, Botsuana, Burkina Faso, Burundi, Cabo Verde, Chade, Comores, Congo, Djibuti, Eritreia, Etiópia, Gabão, Gâmbia, Guiné, Guiné-Bissau, Guiné Equatorial, Ilhas Maurício, Lesoto, Libéria, Líbia, Madagascar, Malaui, Mali, Mauritânia, Moçambique, Namíbia, Níger, Quênia, República Centro-Africana, Ruanda, São Tomé e Príncipe, Serra Leoa, Seicheles, Somália, Suazilândia, Sudão, Sudão do Sul, Tanzânia, Uganda, Zâmbia e Zimbábue.
Candidatos: Zâmbia parecia vir forte após o título da Copa Africana de Nações em 2012, mas a eliminação na segunda fase das Eliminatórias Africanas colocou em xeque as perspectivas a curto prazo da equipe. Mali, que foi à fase final das Eliminatórias em 2010 e à segunda fase (eram três) em 2014, surge com potencial. Burkina Faso, vice-campeã africana em 2013 e derrotada na última fase das Eliminatórias para 2014, também pode crescer.
AMÉRICA DO NORTE E CENTRAL (25)
Anguilla, Antígua e Barbuda, Aruba, Bahamas, Barbados, Belize, Bermudas, Curaçao, Dominica, Granada, Guatemala, Guiana, Ilhas Cayman, Ilhas Virgens Americanas, Ilhas Virgens Britânicas, Montserrat, Nicarágua, Panamá, Porto Rico, República Dominicana, Santa Lúcia, São Cristóvão e Névis, São Vicente e Granadinas, Suriname e Turks & Caicos.
Candidatos: Pelo que se viu nas Eliminatórias para 2014, o Panamá – quinto colocado da fase final, que garantiu os três primeiros e mandou o México para a repescagem – pode incomodar nos próximos anos. Pela fragilidade dos rivais, países como Porto Rico e República Dominicana também têm margem de crescimento.
AMÉRICA DO SUL (1)
Venezuela.
Candidatos: Bem… Se não sobrasse apenas a Venezuela a estrear entre os sul-americanos, ela já seria a principal candidata, graças à evolução nos últimos anos. No entanto, esperava-se que resultados fossem melhores a essa altura após os investimentos do governo no futebol local.
ÁSIA (33)
Afeganistão, Bangladesh, Brunei, Butão, Camboja, Catar, Cingapura, Filipinas, Guam, Hong Kong, Iêmen, Índia, Jordânia, Laos, Líbano, Macau, Malásia, Maldivas, Mianmar, Mongólia, Nepal, Omã, Palestina, Paquistão, Quirguistão, Síria, Sri Lanka, Tadjiquistão, Tailândia, Taiwan, Timor Leste, Uzbequistão e Vietnã.
Candidatos: O Uzbequistão, que chegou duas vezes às finais da repescagem asiática (2006 e 2014), surge como candidato a estrear em pouco tempo em Copas do Mundo. Logo atrás vem o Bahrein, também finalista em duas repescagens continentais (2006 e 2010). Se não for à Copa de 2018, o Catar invariavelmente estreará em 2022 como país-sede.
EUROPA (20)
Albânia, Andorra, Armênia, Azerbaijão, Bielorrússia, Cazaquistão, Chipre, Estônia, Finlândia, Geórgia, Ilhas Faroe, Islândia, Letônia, Liechtenstein, Lituânia, Luxemburgo, Macedônia, Malta, Moldávia e Montenegro.
Candidatos: Apesar de ser uma das equipes mais jovens do continente, Montenegro já começa a incomodar o grupo das seleções medianas do continente. Para 2014, ficou atrás de Inglaterra e Ucrânia em seu grupo, à frente da Polônia. Em sua seleção, conta com jogadores em algumas das principais ligas da Europa, como Inglaterra, Itália, Espanha, França, Alemanha e Rússia. A geração da Islândia, que foi à repescagem continental, ainda é uma aposta prematura.
OCEANIA (10)
Fiji, Ilhas Cook, Ilhas Salomão, Nova Caledônia, Papua Nova Guiné, Samoa, Samoa Americana, Taiti, Tonga e Vanuatu.
Candidatos: Campeão da Copa de Nações da Oceania de 2012, que lhe valeu vaga na Copa das Confederações de 2013, o Taiti surge como uma opção muito irregular para incomodar o favoritismo da Nova Zelândia. A Nova Caledônia é outra candidata, mas ainda tão frágil quanto. Nenhum deles, porém, nem sequer chegou à repescagem intercontinental até hoje.
Obs: ao iniciar esta lista, o blogueiro tinha uma dúvida pessoal: será que, em algum momento da história, todos os países do mundo já terão estreado em Copas do Mundo? A dúvida não foi respondida, é claro, e pode ser que aconteça de fato. Mas diante do abismo técnico dentre as seleções de Concacaf e de Oceania, por exemplo, vai demorar bastante para que estejamos ao menos próximos de tal hipótese.
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