Colaborou Felipe Lessa
Pato Branco foi no coração, mas depois do pênalti batido por Dodô, a dúvida era saber se um “PUTA QUE PARIU” seria ou não gritado nas cabines de rádio do Ecoestádio Janguito Malucelli, em Curitiba. Certo é que o chute do atleta serviu para despertar na cidade um complexo que vem à tona em finais: “PRA FORA”.
A preocupação do Pato Branco com finais, aliás, vem de alguns anos, mais precisamente quando a energética narração acima ganhou popularidade e entrou para o folclore do futebol brasileiro. Apesar da incerteza quanto a veracidade, a narração do famoso “PUTA QUE PARIU, PRA FORA” após o chute de um tal Zezinho acabou creditada ao principal radialista esportivo da cidade, Inelci Matiello. Ele nega a autoria, diz que não é bem assim, e talvez para evitar a possibilidade de reviver o drama, não chegou nem a encarar a estrada até Curitiba para a grande decisão – ao menos, foi o que disseram seus companheiros de imprensa.
Ainda que Matiello não estivesse no local do jogo, aquela tarde de domingo (30) ficaria marcada como o dia do “nascimento” de um “novo Zezinho”, um novo vilão na cobrança de pênaltis – para desespero do Tricolor do Sudoeste paranaense e felicidade do Andraus de Campo Largo, que, na traumática marca de cal, levaria a terceira divisão do Campeonato Paranaense 2014.
Na final deste ano, os primeiros momentos pareciam apontar que as preocupações históricas poderiam ser apenas um receio bobo, já que, no fundo, muitos sabem que a própria existência de Zezinho ainda é um fenômeno que requer maiores pesquisas.
Ainda assim, os primeiros momentos foram de alegria. Aos 42 da etapa inicial, o Tricolor do Sudoeste, que jogava com um a mais desde os 12 (Sindclei foi expulso), abriu o placar no Ecoestádio. O gol de Marcelo Augusto, marcado naquele campo vizinho da estrada que liga Curitiba a Campo Largo, parecia despachar os mandantes para casa. Sem folclore: o gol era, de fato, para fazer com que ele se tornasse o homem de nome lembrado, para talvez ganhar repetitiva alcunha de matador nos jornais de sua cidade.
Com a vantagem de ter vencido em casa e estar com um gol à frente no estádio do adversário, o Pato Branco dava indícios de que poderia repetir 2009, quando levantou o caneco da Terceirona. As coisas, porém, mudaram rapidamente. O futebol de resultado começava a dar problemas aos conterrâneos do até hoje procurado Zezinho.
Logo após a virada de campo, o goleiro Harison do Pato Branco também levou cartão vermelho. Discutiu com diretores do Andraus e as equipes voltaram a ter o mesmo número de homens em campo. Mesmo o cidadão mais ilustre de Pato Branco, a quilômetros de distância dali, parecia sentir o baque. Naquele mesmo dia e horário, Rogério Ceni — parente do radialista Matiello, aliás — sofria um gol após perder uma bola fora da área quando tentava impedir um ataque do Figueirense.
Começavam aí os “PUTA QUE PARIU” de domingo.
A partir da expulsão em Curitiba, alguns outros xingamentos seriam provocados pelo ponta-esquerda Fabinho, que deu seu show. O camisa 11, mais veloz que a potência dos virais de internet, decidiu a partida em “jogadas de bastidores”.
Na primeira, sofreu um pênalti, convertido aos oito minutos da etapa final por Wellington Baroni. “PUTA QUE PARIU!”. Depois, aos 28, o mesmo deixou Juninho na cara do gol para desempatar o marcador a favor da equipe da região metropolitana. 2-1. “PUTA QUE PARIU!”.
Por fim, após um bate-rebate na área aos 42 do segundo tempo, Baroni aproveitou a sobra e voltou a balançar as redes pato-branquenses, tornando os puta que pariu do time ainda mais constantes. Era a virada do Andraus de Campo Largo para 3 a 1, resultado que levaria a definição do título para os pênaltis.
Na problemática marca de cal, o Andraus converteu suas quatro cobranças: Barbosa, Baroni, Juninho e Bruninho. Dam e Léo Furtado fizeram gols para o Pato Branco, enquanto o chute de Pedro Henrique parou no goleiro Jackson.
Na derradeira cobrança, o Tricolor do Sudoeste foi no coração, como diz o famoso áudio, mas o disparo de Dodô subiu demais e passou por cima das traves. O primeiro título da Terceirona conquistado pela equipe de Campo Largo vinha com um renascido complexo de Zezinho e um legítimo “PUTA QUE PARIU, PRA FORA”!
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