Em 2015, completam-se 30 anos de uma das tragédias que moldaram a triste década de 80 no futebol inglês. Em 11 de maio de 1985, apenas 18 dias antes da Tragédia de Heysel, 56 torcedores morreram vítimas de um incêndio durante um jogo que encerrava a terceira divisão na temporada 1984/1985.
Ao longo daquela temporada, o Bradford City se mostrou amplamente superior aos adversários. No campeonato, chegou a 13 jogos de invencibilidade, conquistando o título com uma rodada de antecipação ao derrotar o Bolton Wanderers por 2 a 0. A conquista era a primeira do clube em 56 anos.
Por isso, o clima em Bradford (cidade a 280 km ao norte de Londres) era de festa naquele dia 11 de maio. Antes do duelo contra o Lincoln City que encerraria a temporada, o capitão Peter Jackson recebeu o troféu da então Division Three (hoje League One) no gramado do Valley Parade Stadium. Cerca de 11 mil torcedores estavam no local para a partida.
O jogo começou às 15h (horário local). Por volta dos 40min do primeiro tempo, as imagens da TV registraram o surgimento de um foco de incêndio – acredita-se que causado por um fósforo ou um cigarro aceso por um torcedor, jogado sob as arquibancadas. Três minutos depois, a brigada de incêndio do estádio foi alertada; no entanto, o fogo agiu com tamanha velocidade que inviabilizou boa parte dos esforços dos responsáveis no local.
O incêndio rapidamente atingiu a cobertura da arquibancada, selada com betume (um derivado do petróleo, inflamável). No setor, o estádio não disponibilizava extintores de incêndio por temer que torcedores vandalizassem os objetos. Com o jogo paralisado, integrantes da delegação do Bradford – notadamente o atacante John Hawley e o meio-campista Terry Yorath, que atuava como treinador-jogador – ajudavam torcedores a deixar as arquibancadas e acessarem o gramado. Para piorar, parte dos acessos do estádio estavam trancados.
Por fim, 56 torcedores morreram no incêndio – pisoteados, sufocados, queimados, esmagados. A tragédia é considerada a maior de todos os tempos em um estádio britânico. Porém, a partir daí, o futebol inglês elaborou uma rígida legislação de segurança contra incêndios em estádios, o Safety of Sports Grounds Act 1975, elaborado pelo juiz Oliver Popplewell.
O inquérito pegou pesado e descobriy que o Bradford City já havia sido alertado a respeito do acúmulo de lixo (inflamável) sob a arquibancada incendiada. O setor, por sinal, já havia sido condenado pelas autoridades, e só não foi substituído até a data por falta de verbas da equipe. Em pouco tempo, graças a doações, o Bradford City conseguiu arrecadas 3,5 milhões de libras para a modernização do estádio.
Reformado, o estádio foi reaberto apenas em dezembro de 1986, em um amistoso no qual o Bradford City derrotou a seleção inglesa por 2 a 1. O clube, desde então, é parceiro do setor de queimaduras do Bradford Royal Infirmary, o maior hospital universitário da Inglaterra.
(Para mais informações, visite o site Bradford City Fire, dedicado à tragédia.)
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