O União Barbarense disputou dezenove jogos em 2013. Foram três vitórias, sete empates e nove derrotas. A equipe foi a antepenúltima do Campeonato Paulista e terminou rebaixada para a Série A-2. Mas nada disso abalou a paixão do jornalista Bruno Moreira. Aos 22 anos, o fanático viveu diversos momentos inusitados graças ao seu amor incondicional pelo Leão da 13. Títulos, acessos, viradas impossíveis, rebaixamentos. Nesta entrevista ao Última Divisão, Bruno fala de sua paixão pelo Barbarense e faz uma análise da situação dos times do interior de São Paulo.
Última Divisão: Como você começou a acompanhar a União Barbarense?
Bruno Moreira: Eu comecei a acompanhar o União em 2000. Nasci em Guarulhos e naquele ano me mudei para Santa Bárbara d’Oeste. No dia seguinte a minha mudança já fui ao estádio Antonio Guimarães e vi meu primeiro jogo do União, uma derrota para o São Cristóvão (RJ) por 3 a 2, pela Copa João Havelange. Desde então passei a frequentar o clube e ir a todos os jogos, me tornei sócio, joguei nas escolhinhas e por aí vai. Já são treze anos seguindo o Leão.
UD: Na sua opinião, quais foram os fatores decisivos para o Leão da 13 cair de divisão este ano no Campeonato Paulista?
BM: Os problemas de montagem da equipe antes do início do campeonato foram predominantes. A maioria dos jogadores que foram contratados com a promessa de montarem um bom time acabaram dispensados até a metade do campeonato. Ficaram os jogadores que montaram a base vice-campeã da A2 do ano passado. Lutaram bastante, mas o time já estava numa situação complicada contra o rebaixamento. Faltaram gestão e experiência no comando do clube e montagem do elenco, além de maior apoio da cidade em relação a receitas para que a situação financeira não comprometesse o desempenho no campeonato.
UD: Qual é a sua projeção para a participação do União na Copa Paulista deste ano?
BM: Ainda é cedo para fazer projeções. O comando do clube está definindo quais parcerias serão feitas para administração do time na Copa. O titulo será difícil, mas se conseguirem montar uma base capaz de entrar bem na A-2 do ano que vem a participação já terá sido válida.
UD: Quais ações a Federação Paulista deveria tomar para tornar esta competição mais atrativa para os times do interior?
BM: A oferta de verbas para a participação no campeonato, como acontece nas séries A-1, A-2, A-3 e Segunda Divisão. É muito difícil para os clubes conseguirem sozinhos patrocínios e outras receitas no segundo semestre. E ainda oferecer vagas em outras competições, além da Copa do Brasil. Oportunidades de entrar na Série D também seriam interessantes.
UD: Em 2012, o clube faturou o título da Série A-2 e acabou caindo de divisão no ano seguinte. Existe uma diferença técnica muito grande entre essas duas divisões?
BM: Pode parecer que não há muita diferença, mas existe sim. O União é um grande exemplo disso. Com a base desse último time, subiu e foi vice-campeão no ano passado, enquanto caiu esse ano. São precisos alguns nomes com criatividade capaz de compor o grupo e liderar o time em campo. Na A-2, a transpiração fala mais alto e mesmo alguns times bem limitados na parte técnica conseguem subir de divisão.
UD: O técnico Claudemir Peixoto teve um trabalho infeliz no Juventus no ano passado. Mas parece que ainda é muito querido em Santa Bárbara do Oeste. Você acredita que ele seja um bom treinador?
BM: Acredito que seja um treinador regular. Ficou marcado positivamente pelo acesso, bem mais do que pela queda, já que ele pegou o time durante o campeonato.
UD: A rivalidade da Barbarense com o Rio Branco ainda é grande?
BM: Sim, com certeza. A sede de clássicos continua grande, a rivalidade é histórica e faz dois anos e meio que esse encontro não ocorre. Não tenho duvida de que no lado do Rio Branco o sentimento seja o mesmo.
UD: Qual foi a maior emoção que o União Barbarense proporcionou pra você como torcedor?
BM: O título da Série C de 2004, os acessos da A-3 de 2008 e A-2 no ano passado foram os momentos que mais me marcaram. Entre os principais jogos não consigo escolher apenas um. Há pelo menos cinco jogos entre mais de uma centena presente que eu guardo de maneira especial. O 5 a 3 contra o Rio Branco pelo Paulistão de 2002 é o primeiro deles. As vitórias contra o Gama pela quadrangular final da Série C de 2004 também foram muito intensas. Em Santa Bárbara, o União virou aos 47 do segundo tempo e venceu por 2 a 1, com um gol de bicicleta do Chico Marcelo. Em Brasília goleou por 4 a 1, no jogo que cravou o acesso à Série B. Pela A-2 do ano passado a vitória contra a Ferroviária por 2 a 1 na reta final e o jogo do acesso contra o Atlético Sorocaba (2 a 2) também foram especiais.
UD: Qual foi a maior loucura que você já cometeu pelo time?
BM: Não que eu considere algo extraordinário, mas por acabar me surpreendendo quando me vi naquela situação e pela repercussão que teve, assistir a um jogo sozinho com o time rebaixado fora de casa agora lidera essa lista (Bruno refere-se ao jogo União Barbarense 3 X 1 Guarani, realizado no estádio Brinco de Ouro, em Campinas no dia 22 de abril quando os dois times já estavam rebaixados). Viajar algumas vezes em um ônibus com quase 100 pessoas também merece ser lembrado (risos).
UD: Você acredita que o União possa disputar alguma competição nacional num futuro próximo?
BM: Acredito que seja um futuro ainda distante para o União. Voltar a um torneio nacional exige que o time seja campeão (da A2 ou Copa Paulista, para a Copa do Brasil) ou suba para o Paulistão e faça uma campanha muita boa para pegar uma vaga na Série D. Isso não faz parte da realidade do clube hoje, infelizmente. Os objetivos são bem humildes e se manter em atividade é uma vitória diária, mas ficaria muito feliz se isso ocorresse. Se não conseguir alcançar nenhuma dessas possibilidades nos próximos três anos, em 2016 será completada uma década longe do cenário nacional (a última vez foi na Série C de 2006), o que é muito ruim para a imagem do clube.
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