O ASA faz campanha razoável na Série B do Campeonato Brasileiro. Nas 14 primeiras rodadas, conseguiu seis vitórias – a última delas, um 2 a 0 sobre o Santo André em Arapiraca. E o primeiro gol do jogo foi marcado por um meia-atacante que tem talento com a bola na mesma proporção que tem para aparecer em confusões: Ciel.
Revelado nas categorias de base do Santa Cruz, Ciel rodou por clubes como Juazeiro-CE e Salgueiro-PE em seus primeiros anos. Em 2007, destacou-se pelo Icasa ao marcar oito gols em 22 jogos no Campeonato Cearense. No mesmo ano, chegou ao Ceará, onde começou a se firmar, ganhando a chance de disputar sua primeira Série B. Ali, sem ser titular, marcou três gols ao longo da competição.
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No mesmo ano, foi para a Coreia do Sul, de onde retornou em 2008. Passou novamente pelo Icasa e voltou ao Ceará. Apareceu novamente bem no clube alvinegro, marcando quatro gols nas primeiras rodadas da Série B. Aí, eis que surgiu a grande chance de Ciel: em setembro, o Fluminense anunciou o interesse no jogador, indicado pelo técnico Cuca.
Porém, apareceram também os problemas de disciplina de Ciel, que já eram mais do que conhecidos entre os torcedores cearenses. Antes do acerto com o Fluminense, o meia havia sido dispensado quatro vezes em oito meses – a última delas, um mês antes de sua ida para as Laranjeiras. Em todas, fora reintegrado por pressão da torcida e dos colegas.
“Os atletas me fizeram ver que o clube não poderia ser punido com a ausência dele. É um caso complicado. O Ciel sofre da doença do alcoolismo e vamos estudar qual a melhor maneira de tratá-lo, com um profissional adequado ou até mesmo o levando para o AA (Alcoólicos Anônimos)”, disse o presidente do Ceará na época, Evandro Leitão, em entrevista ao jornal Diário do Nordeste.
Então técnico da equipe, Lula Pereira também se mostrava preocupado. “O Ciel é um doente, alguém que precisa de tratamento clínico. Ele é um sujeito fantástico, extraordinário. Só faz mal a ele mesmo”, concordou.
Mas Ciel não vingou no Fluminense. Segundo a Wikipédia, foram apenas sete jogos entre 2008 e 2009. Com poucas oportunidades, foi dispensado pelo clube e sondado pelo Fortaleza, mas acabou acertando com o América-RN em março para a disputa do Campeonato Potiguar de 2009. Porém, não demorou a se envolver em nova confusão: no mês seguinte, foi preso por agressão em Natal.
Na ocasião, segundo o jornal Diário de Natal, o jogador – que aparentava sinais de embriaguez – se envolveu em briga com uma garota de programa, quebrou o retrovisor de um táxi e desacatou os policiais. Foi algemado e levado à delegacia gritando vários palavrões. Porém, assinou um termo de compromisso e foi liberado horas depois.
O ambiente no Mecão ficou ruim para Ciel, dispensado em maio, pouco tempo depois do término do Campeonato Potiguar. O jogador voltou então para o Ceará, indicado pelo técnico PC Gusmão, mas não encontrou segurança nem mesmo em seu porto seguro, e foi dispensado do clube alvinegro já em junho, quando tinha apenas um jogo disputado na Série B. Motivo: faltou a um treino, o que já era previsto em cláusula de seu contrato. Era a segunda demissão em três meses.
Veio então a chance de ouro para o problemático meia-atacante: um contrato de dois anos com o Paços de Ferreira, que disputava a primeira divisão do Campeonato Português e a Liga Europa. Na Península Ibérica, esperava-se que a carreira do pernambucano finalmente encontrasse tranquilidade, deixando seu futebol transparecer.
Mas não foi o que aconteceu. Logo no começo da temporada 2009/2010, segundo a imprensa portuguesa, Ciel exagerou na bebida antes de um treino da equipe e teve que deixar a atividade ao se sentir mal. O clube auriverde, que também havia colocado em contrato a possibilidade de uma rescisão unilateral em caso de problemas disciplinares, não pensou duas vezes: anunciou já em agosto a saída de seu reforço.
A história irritou o jogador. “Não teve nada de passar mal. Falaram que eu cheguei bêbado, que eu não podia nem andar… Isso é mentira. Isso seria falta de profissionalismo, nunca fiz isso. Já cheguei de ressaca em treino, isso já aconteceu, mas chegar bêbado não. A imprensa gosta de mim, eles estão sempre atrás de mim. Até fora do Brasil! Procurei os jornalistas aqui no clube para saber de onde saiu essa história, mas não encontrei”, contou Ciel ao site GloboEsporte.com, negando a tal cláusula contratual. “Eu li a minha cópia e não tem nada disso.”
Como nas outras ocasiões, o jogador se disse arrependido e revelou que seu histórico problemático era antigo. “Quando virei profissional, com 17 anos, comecei a beber. Ia bem no Santa Cruz, fazia gols, me empolguei e isso aconteceu. Mas quero sair disso. Vejo muita gente se afastando de mim por causa disso”, disse Ciel.
O presidente do Paços de Ferreira, Fernando Sequeira, decidiu então dar uma segunda chance ao jogador. Mas em dezembro de 2009, o Paços de Ferreira enfim rescindiu o contrato do atacante – ao que tudo indica, pelos mesmos problemas de antes. Foram dez jogos, sem marcar gols.
Veio então mais uma chance, mais modesta: Ciel foi anunciado em janeiro de 2010 pelo Guarany de Sobral-CE, no qual faria dupla de ataque com outro jogador conhecido pelas confusões extracampo: Clodoaldo. No Junco, entretanto, Ciel adiou sua apresentação, até que surgissem boatos de que havia sofrido um acidente de carro em Fortaleza. Verdade ou não, foi confirmado pelo Corinthians-AL em fevereiro para a disputa do Campeonato Alagoano. Desta vez, se apresentou, ganhou a camisa 10 e marcou quatro gols na competição – o artilheiro foi Wellington, que fez 14 para o CRB.
A boa impressão no Alagoano, marcando gols e adotando uma postura mais tranquila nos bastidores, valeu a Ciel uma vaga no ASA, que contratou o atacante em abril. E o começo não foi ruim: fez um gol na estreia (1 a 1 contra a Ponte Preta em Campinas), e dois na segunda rodada (4 a 1 contra o Sport em Arapiraca). Porém, na quarta rodada, se machucou e foi para o estaleiro alvinegro.
E Ciel aprontou outra. Em 12 de julho, o jogador teria chegado à concentração do clube em um hotel sob efeito de bebidas. Chorou, pediu desculpas e fez mais promessas de reabilitação. A cúpula alagoana deu uma segunda chance, com algumas condições: multa salarial, termo de conduta e… palestras com jovens. “O que queremos é ver o Ciel de volta, recuperado e nos dando muita alegria. Estamos dando uma nova chance ao atleta e espero que ele se esforce para se livrar desse mal que é o alcoolismo. Sei que com a ajuda e o empenho da família, dos amigos e de todos, ele dará a volta por cima”, disse José dos Santos Oliveira, o Zé da Danço, presidente executivo do ASA.
Ciel ficou. E depois de 11 jogos, o ASA voltou a contar com um gol dele na partida contra o Santo André. Venceu no Coaracy da Mata Fonseca, e se manteve no meio da tabela.
Se vai dar certo, ou até quando vai dar certo, não se poder dizer. Mas Ciel, aos 28 anos, tem mais uma chance. A torcida torce para que ele, casado, com uma filha, finalmente consiga deixar de lado os problemas extracampo e consiga apenas se concentrar em seu talento com a bola. Arapiraca aguarda.
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