Eu sou um grande fã de textos em primeira pessoa, mas nunca pensei em colocar algo do tipo neste blog – acho o estilo mais adequado ao meu blog pessoal, mas já lancei mão do recurso até mesmo no trabalho. Mesmo assim, acho que não há melhor maneira de contar aqui a entrevista que fiz com Alessandro Leale, cantor e árbitro de futebol.
Explica-se. Telefonei para Leale e nós conversamos por algum tempo. Eis que eu tinha algum material em mãos para o perfil do sujeito. Tudo muito bom, mas…
Há algum tempo, eu queria escrever sobre Leale para o Última Divisão. Porém, os métodos que eu costumo usar aqui (Orkut, Twitter e afins) não foram muito eficazes para que conseguíssemos entrar em contato com ele.
Depois de algum tempo, consegui um contato com a assessoria de imprensa dele. E felizmente, o pessoal no meu trabalho achou a pauta digna de ir ao ar. De fato, meu texto foi publicado, com um vídeo bem bacana da carreira do mesmo (leitura recomendada, especialmente caso você não o conheça).
Mas eu ainda tinha a entrevista “bruta” do mesmo e pensei: por que não publicá-la? Fazer tipo um “making of” da entrevista?
Por isso, segue abaixo a entrevista “completa” (na medida do possível) com Alessandro Leale. Quase tudo foi aproveitado no perfil escrito, mas também inclui algo do que não utilizei (sim, as sobras). Mesmo assim, acho bacana para dar um apanhado do intérprete de Homem Fiel, que fala da carreira de jogador de futebol, dos novos rumos (na música sertaneja!), das confusões em campo, do assédio… Espero que vocês gostem.
Última Divisão: Como você começou sua carreira na arbitragem?
Alessandro Leale: Eu comecei a jogar futebol em São Paulo, na Portuguesa, na época do Rodrigo Fabri. Depois tive a oportunidade de mudar para o Rio, onde joguei Vasco com um pessoal bom – o Pedrinho, o Felipe… Mas depois fiquei velho e não jogava nada. Não tinha como ser profissional, eu era pereba! E todo árbitro é um jogador frustrado.
Nessa idade, eu já gostava de música e montei um grupo de rock. A gente começou a viajar ali por perto do Rio e fazer shows. Mas o tempo estava passando, e comecei a fazer faculdade de jornalismo. Tinha um colega meu de faculdade que era árbitro da Federação Carioca (Ferj). Me interessei, fiz o curso em 2005 e passei a integrar o quadro. Fiz (jogos das categorias) mirim, juvenil, e cheguei ao semiprofissional. Mas aí pensei: ‘é maravilhoso, muito bom, mas eu quero a música’. Gravei um disco, e gravei outro agora. Me licenciei da Federação. Continuo fazendo as provas, testes de regras e tudo mais, mas não estou atuando.
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UD: E quando você começou a levar mais a sério a carreira musical?
AL: Chegou uma hora em que eu tinha que decidir. A Fifa, que era meu objetivo, limitou a idade para entrar no quadro com 32, então vi que não daria para chegar lá. Comecei a cantar nessa idade (32).
UD: Você se lembra quais foram seu últimos jogos? Foi aquele no CFZ mesmo?
AL: Não, foi um jogo de artistas. O no CFZ foi o último pela Federação. O último atuando mesmo foi em um jogo do Leonardo com o Raí, em dezembro, com a fundação deles (Fundação Gol de Letra). Eles sempre me chamam para fazer esses jogos.
UD: Hoje em dia, você costuma ser reconhecido nos jogos em que atua?
AL: Ah, bastante. Algumas pessoas já me reconheceram. O pessoal pergunta: ‘você não é o cantor?’ Não é sempre que acontece, mas é gostoso. Minha carreira está começando há um ano, com um empresário que ajudou. Só não chegou ao Sul. No Norte, no Rio, no interior de São Paulo, já chegou.
UD: E desculpe a minha ignorância, mas quem é esse Grupo Yahoo/BR Plus que, digamos, “gerencia” a sua carreira?
AL: Era o Grupo Yahoo. Nos anos 80, eles fizeram muito sucesso com uma música chamada Mordida de Amor (cantarola um trecho). Foram até trilha de novela. Não sei o que aconteceu, mas eles viraram produtores: Xuxa, LS Jack, Aline Barros, Wanessa Camargo… Meu empresário conseguiu me colocar com eles.
UD: Bom, o seu release (material divulgado para a imprensa) diz que este é seu segundo disco. Mas você disse que gravou um antes desses, né?
AL: O primeiro, gravei logo nessa época quando comecei a fazer faculdade. O primeiro é de 2000. Em algumas casas, eu nem falo que gravei, mas está bem produzido. O segundo, gravei agora.
UD: E é mais ligado ao samba, como os atuais?
AL: É, inclusive eu fiz shows na época. Meu primeiro CD é ligado ao samba romântico. Esse disco eu gravei há mais de dez anos. Mas a gente muda de opinião, né? Eu gosto de samba, para tocar em um churrasco, mas para levar isso como profissão, eu não queria muito. Tenho muitos amigos no meio, como o Martinho da Vila e o Diogo Nogueira, mas é uma coisa que eu vou curtir e que eu não sei fazer. Fui criado no interior de São Paulo, então música sertaneja é uma coisa com a qual eu me identifico.
UD: Hoje, você se identifica como ex-árbitro ou cantor?
AL: Eu não fiz muito nome na arbitragem. As pessoas me identificam mais como cantor. Na internet, se você foi pesquisar ‘Alessandro Souza’, meu nome real, e for pesquisar ‘Alessandro Leale’, que é meu nome de cantor, esse nome dá um baile. A comparação é uma coisa absurda.
UD: E você traça metas para a carreira?
AL: Pois é, acho que eu fui até esperto. Alem do limite de idade (para entrar na Fifa, 32), eu posso ir até os 100 anos (cantando). Eu troquei as vaias, as agressões verbais, pelos aplausos. Nada é mais gostoso do que as pessoas te abraçando, pedindo para cantar. Vivi os dois extremos: o lado agressivo e o lado bom da vida.
UD: Sua mãe certamente aprovou a mudança, né?
AL: Bastante. Eu levei ela ao jogo quando eu fui para o juniores, um Fluminense x Mesquita, lá em Mesquita. Deixei ela em um lugar para ninguém identificar. Teve um lance em que começaram a me xingar muito, e ela foi para cima dos caras. Sorte que tinha policiamento. Não deveria ter levado. Até pensei melhor isso. A gente que tem filho, pensa como é encostar no filho da gente. A Federação até pediu para não levar mais.
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