“Essa eu vou contar para os meus netinhos”. Será que esse pensamento te ocorreu após assistir a algum jogo de futebol em 2017? Possivelmente sim, afinal, no ano não faltaram partidas com ingredientes pitorescos e de grande significado – daquelas que serão lembradas por muito tempo.
Pense bem: quantas vezes na vida você viu um time reverter uma desvantagem de 4 gols em um mata-mata (detalhe: precisando marcar 3 vezes a menos de 10 minutos do fim)? Ou quando acha que verá de novo uma seleção tetracampeã fora da Copa do Mundo? E uma torcida aplaudindo gol do adversário? Dois rivais históricos se unindo para peitar emissoras de TV? Ou uma equipe precisando emprestar uniforme para entrar em campo?
Pois em 2017 nós vivenciamos tudo isso e muito mais. Jogos de futebol que dificilmente sairão da cabeça de quem pôde acompanhá-los, mesmo se os times em campo não eram necessariamente esquadrões e a qualidade do espetáculo em si não tenha sido lá esse primor. Pouco importa, aqui o que vale são as grandes histórias.
Para quem não conhece, o 10+ UD existe desde 2014 e contamos com nossa rede de colegas jornalistas para avaliar quais jogos, de uma lista pré-concebida, foram mais marcantes no ano de 2017.
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Esta lista fala de jogos, mas pedimos também para que fossem avaliados os jogadores e os times que marcaram os últimos 12 meses. Nos três casos, o objetivo foi, a exemplo do que rolou nos anos anteriores, elencar de forma democrática o que de mais destacado aconteceu no futebol mundial ao longo do último ano. A nossa retrospectiva.
O regulamento, apenas para reforçar, é o mesmo dos anos anteriores. Em um BRAINSTORM, nossa equipe listou 30 partidas, 30 jogadores e 30 times que marcaram o ano. Desta lista, enviamos um formulário para os seletos eleitores, que deram a cada “candidato” uma nota de 1 a 5, sendo 1 o menos marcante e 5 o mais marcante. Com a divisão de notas totais pelo número de eleitores, fizemos a média para apontar os 10 mais marcantes em cada categoria.
Por fim, deixamos aqui nosso agradecimento aos 36 convidados que tiveram a paciência de votar na eleição de 2017. A atenção de vocês é uma grande recompensa ao nosso trabalho.
10+ ÚLTIMA DIVISÃO
OS JOGOS QUE MARCARAM O ANO DE 2017
9. Paraná 1 x 0 Internacional (03/10/2017): nota 3,6388
Empolgado com a boa campanha na Série B do Brasileiro e diante daquele que seria um de seus jogos mais importantes na competição, o Paraná Clube decidiu abrir mão da Vila Capanema e receber o Internacional na Arena da Baixada. Deu muito certo: o marketing do clube mobilizou a torcida com uma campanha para bater o recorde de público do estádio, utilizando a hashtag #CaleQuemDuvida. Diante de 39.414 torcedores (superando a lotação máxima anterior, de 39.375 no jogo Espanha 3 x 0 Austrália na Copa do Mundo de 2014), o Tricolor venceu por 1 a 0, com gol de Iago Maidana, e assumiu a então vice-liderança do torneio. No fim, os dois clubes foram promovidos (e os paranistas encerraram um duro período de 10 anos longe da elite).
9. Atlético Nacional (Colômbia) 4 x 1 Chapecoense (10/05/2017): nota 3,6388
A partida que a tragédia impediu em novembro de 2016 finalmente pôde acontecer. Na ida da decisão da Recopa Sul-Americana, em 4 de abril, a população de Chapecó prestou diversas homenagens na chegada do Atlético Nacional à cidade. Em campo, a Chape venceu por 2 a 1, na Arena Condá. Na volta, mais tributos às vítimas do acidente de avião e uma grande atuação dos colombianos, que venceram por 4 a 1, faturando a taça. Nos dois jogos, as torcidas mandantes aplaudiram os gols dos times adversários, mostrando que a amizade entre os dois clubes será eterna.
8. River Plate 8 x 0 Jorge Wilstermann (21/09/2017): nota 3,75
Ao longo da Copa Libertadores da América, o Jorge Wilstermann demonstrava ser capaz de surpreender. Na primeira fase, o time do zagueiro brasileiro Alex Silva conquistou três vitórias (uma delas contra o Palmeiras) e avançou para o mata-mata com a segunda colocação em seu grupo, eliminando Peñarol e Atlético Tucumán. Algoz do Atlético-MG nas oitavas de final, abriu sua participação nas quartas vencendo o River Plate por 3 a 0 na Bolívia. Vaga assegurada? Nada disso: em casa, os argentinos não tiveram piedade e aplicaram acachapantes 8 a 0. Ignacio Scocco, ex-Internacional, marcou cinco vezes.
7. Trinidad e Tobago 2 x 1 Estados Unidos (10/10/2017): nota 3,8611
A seleção americana vinha de uma sequência de sete participações em Copas do Mundo e, por mais que tenha experimentados alguns tropeços nas Eliminatórias da Concacaf, parecia improvável imaginá-la sem uma das três vagas diretas para a Copa da Rússia – ou ao menos com o quarto lugar do hexagonal final, com direito à repescagem. Mas a realidade foi mais cruel. Precisando apenas de um empate para se classificar na última rodada, acabou perdendo para Trinindad e Tobago, que já estava fora da disputa, graças a dois lance memoráveis dos caribenhos. O primeiro foi um gol contra esquisito do zagueiro Omar Gonzalez e o segundo um petardo de longe de Alvin Jones. O astro Christian Pulisic conseguiu descontar, mas não foi o suficiente. Principalmente porque o time dos EUA ainda contou com as improváveis vitórias de Honduras sobre o México e do Panamá contra a Costa Rica. Os panamenhos, que ficaram fora da Copa do Brasil tendo os americanos como algozes, conseguiram se vingar e tirá-los do Mundial da Rússia.
6. Zulia (Venezuela) 1 x 2 Chapecoense (07/03/2017): nota 3,8888
Pouco mais de três meses após a tragédia, chegou o dia: a Chapecoense estreou na Copa Libertadores da América. O adversário seria o Zulia, time da Venezuela que também jamais havia disputado a competição. Em campo, a Chape mostrou bom desempenho e pressionou os donos da casa durante todo o primeiro tempo, quando saiu na frente – Reinaldo, de falta, abriu o placar. No segundo tempo, a partida ficou mais equilibrada, mas o time brasileiro ampliou com Luiz Antônio. No fim, o veterano Juan Arango diminuiu para os mandantes, mas sem tirar da Chape a vitória histórica em Maracaibo.
5. Lanús 4 x 2 River Plate (01/11/2017): nota 4,1111
Precisando vencer o River Plate, em casa, por mais de um gol de diferença, o Lanús começou mal o jogo da volta pelas semifinais da Libertadores. Scocco, aos 17 minutos, e Montiel, aos 23 minutos, ampliaram a vantagem para Los Millonarios. No final do primeiro tempo, Sand descontou para os mandantes. Foi na volta do intervalo que o Milagre Granate começou a tomar forma, e com a ajuda do árbitro de vídeo. O gol de empate veio novamente com Sand, logo nos primeiros segundos da etapa complementar. A virada veio com Acosta, aos 16 minutos. E aos 19, Pasquini foi puxado dentro da área. O árbitro não marcou o pênalti, mas, após revisar o lance no VAR, confirmou a infração (na primeira marcação por vídeo da história da Libertadores). Alejandro Silva cobrou, fez o gol e levou o Lanús a uma inédita e heróica final contra o Grêmio.
3. Atlético-PR x Coritiba – jogo adiado (19/02/2017): nota 4,1388
Nenhum dos clubes chegou a um acordo com a Federação Paranaense de Futebol a respeito dos direitos de transmissão do Campeonato Estadual – por isso, seus jogos não foram transmitidos pela TV aberta na competição. Diante de tal brecha, o clássico Atletiba da quinta rodada seria transmitido pelo YouTube e pela conta dos dois times no Facebook. Em cima da hora, porém, a FPF barrou a partida, alegando 1) conflito com a detentora dos direitos de transmissão, e 2) problemas com o credenciamento dos profissionais que transmitiriam a partida online. No fim, os jogadores saíram de campo, voltaram juntos para uma manifestação simbólica no gramado e foram de novo embora. A partida acabou remarcada para o dia 1º de março; aí, o Atlético venceu por 2 a 0.
3. Barcelona 6 x 1 Paris Saint-Germain (08/03/2017): nota 4,1388
O PSG havia goleado o Barcelona por 4 a 0 em seu estádio e a velha frase ecoou: só uma atuação catastrófica tiraria a vaga francesa para as quartas de final da Liga dos Campeões. O início do jogo da volta, no Camp Nou, mostrou que havia sim chances de virada, com o time catalão vencendo por 2 a 0 no intervalo. Mas a empolgação acabou quando Cavani descontou (afinal, pela regra do gol fora só uma vitória por 5 gols de diferença serviria). Aos 42 min do segundo tempo, o placar indicava 3 a 1, e parecia que a eliminação era certa. Foi quando o inacreditável aconteceu: dois gols de Neymar – um de falta e um de pênalti – e um gol de Sergi Roberto deram ao Barça a vantagem necessária. A arbitragem foi polêmica? Foi, mas o que ficou para a história foi a classificação azul-grená.
2. El Nacional (Equador) 0 x 1 Atlético Tucumán (Argentina) (07/02/2017): nota 4,1944
Depois do empate em 2 a 2 na Argentina, o El Nacional só precisava de uma vitória em casa para avançar na Pré-Libertadores. Do outro lado, tudo parecia dar errado: com atrasos na logística, o Atlético Tucumán chegou atrasado a Quito, a ponto do ônibus que transportava a equipe alcançar a velocidade de 130 km/h no caminho do aeroporto para o estádio. As dificuldades no caminho do Equador foram tamanhas que nem mesmo os uniformes dos visitantes chegaram a tempo da partida. Trajando camisas emprestadas da seleção argentina, que disputava o hexagonal final do Sul-Americano Sub-20 na cidade, o time tucumano surpreendeu: venceu por 1 a 0, com gol de Fernando Zampedri, e conquistou a classificação após uma incrível saga.
1. Itália 0 x 0 Suécia (13/11/2017): nota 4,25
A Itália ficou com o segundo lugar no Grupo G das Eliminatórias Europeias para a Copa do Mundo de 2018, atrás apenas da Espanha na chave. Como consequência, precisou disputar a repescagem continental para buscar uma das últimas vagas ao torneio. Pela frente, teria a Suécia, que venceu o jogo de ida do confronto por 1 a 0, em Solna. Na volta, em Milão, os italianos bem que pressionaram, mas ficaram no 0 a 0. Assim, em 2018, ficarão fora da Copa do Mundo – o que não acontecia desde o Mundial de 1958, disputado em solo sueco. A partida ainda marcou a despedida do goleiro Buffon pela seleção.
Quem votou
Adalberto Leister Filho (R7), Alexandre Senechal (Veja), Allan Brito (Última Divisão), Allan Farina (Goal Brasil), Anderson Moura (Outside of the Boot), Bruno Guedes (EFE), Camila Srougi (freelancer), Carlinhos Novack (SPNet e Última Divisão), Corneta Europa, Diego Freire (Última Divisão), Eduardo Carneiro (UOL), Emanuel Colombari (UOL), Fabio Chiorino (ESPN Brasil), Fábio Marcondes (Rádio De Prima e Rádio Coringão), Felipe Lobo (Trivela), Fernanda Filomeno (EFE), Fernando Cesarotti (ESPN FC), Gabriel Andrezo (FutRio), Gabriel Dantas (GloboEsporte.com Vale do Paraíba), Gabriel Francisco Ribeiro (UOL), Gabriela Ribeiro (GloboEsporte.com Paraná) Igor Nishikiori (Última Divisão), João Paulo di Medeiros (Jornal O Popular), Juliana Fontes (Tribuna do Paraná), Leandro Santiago (TV Anhanguera Tocantins), Leonardo Bonassoli (Futebol Metrópole), Letícia Sechini (ESPN FC), Lucas Mello (Placar), Luís Augusto Símon (UOL), Luís Felipe dos Santos (Zero Hora e Puntero Izquierdo), Marcelo Carvalho (Observatório da Discriminação Racial no Futebol), Monique Vilela (Rádio Banda B), Olga Bagatini (UOL), Rafael Alves (Planeta Futebol Feminino), Rodrigo Gasparini (Jornal Cruzeiro do Sul, Rádio Cruzeiro FM e Trivela) e Yuri Casari (Do Rico ao Pobre).
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