Como o nome já entrega, a grande alegria da equipe do Última Divisão está em acompanhar personagens desconhecidos do futebol, portanto geralmente longe das grandes ligas. Mas quem disse que um Bayern de Munique não pode ter espaço por aqui? Sim, desde que a história seja marcante, não importa a camisa, iremos exaltar.
É por isso que a segunda edição dos 10 + Última Divisão conta com premiados grandes e pequenos, ricos e humildes, famosos e desconhecidos. Nosso objetivo, a exemplo do que realizamos antes, é tentar listar de forma democrática o que de melhor aconteceu no futebol mundial ao longo do último ano. A nossa retrospectiva.
Vale lembrar aqui o regulamento da brincadeira, o mesmo de 2014. Em um BRAINSTORM, nossa equipe listou 25 partidas, 25 jogadores e 25 times que marcaram o ano. Desta lista, enviamos um formulário para eleitores que toparam entrar na brincadeira, e que deram a cada “candidato” uma nota de 1 a 5, sendo 1 o menos marcante e 5 o mais marcante. Com a divisão de notas por eleitores, tiramos uma média para cada “candidato”, apontando os 10 mais marcantes de cada categoria.
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Relembre as edições anteriores dos 10+ Última Divisão
Neste segundo texto, apresentaremos os 10 jogos mais marcantes de 2015, seguidos das respectivas notas. Com um empate na quinta colocação, confira a seguir as partidas que mais gostaremos de relembrar quando falarmos deste ano que passou.
E, claro, antes de apresentarmos a lista, fica mais uma vez o agradecimento aos 37 amigos e amigas que toparam analisar cada um dos jogadores, jogos e equipes. Não temos dúvida que foi preciso paciência para avaliar cada um dos 75 candidatos.
10+ ÚLTIMA DIVISÃO:
OS JOGOS QUE MARCARAM O ANO DE 2015
10. Vila Nova 4 x 1 Londrina (14 de novembro) – nota 3,40
O Vila Nova é provavelmente o time mais “iô-iô” do futebol brasileiro. Nos últimos 10 anos foram 4 rebaixamentos, seguidos por 4 acessos. Mas nunca a superação precisou ser tão grande como em 2015: neste ano, o clube saiu do limbo da segunda divisão estadual (reeditando tradicional clássico com o Goiânia) e foi promovido no Brasileiro de forma brilhante, conquistado o segundo título nacional da sua história com um jogão. Diante de 40 mil pessoas no Serra Dourada, o Tigre precisava de 3 gols após sair em desvantagem, logo aos 4 minutos de partida, contra do Londrina. A missão complicada não intimidou a torcida, que não parou de apoiar por um só minuto e viu a goleada se desenhar. O merecido campeão da Série C vai festejar muito neste fim de ano – e chega com grande moral para se encontrar com os rivais Goiás e Atlético-GO na Série B do ano que vem.
9. Estados Unidos 1 x 2 Jamaica (22 de julho) – nota 3,56
Os Estados Unidos não ficavam fora da decisão da Copa Ouro há cinco edições. E o favoritismo para repetir o feito em 2015 era imenso. Com essa convicção, 70 mil torcedores lotaram o Georgia Dome Stadium, em Atlanta, para acompanhar o que deveria ser uma semifinal tranquila diante da Jamaica. Apesar de bons momentos na Copa América meses antes, os Reggae Boyz não pareciam ter condições de enfrentar de igual para igual os comandados do alemão Jürgen Klinsmann. E realmente o jogo foi amplamente dominado pelos americanos… Mas, numa dessas coisas do futebol, os jamaicanos fizeram 2 gols em cinco minutos ainda no primeiro tempo. Totalmente recuados, sofreram apenas um dos donos da casa e avançaram para a final contra o México (que, não fosse por escandalosos erros de arbitragem contra Costa Rica e Panamá, teria caído no torneio antes e proporcionado uma decisão com duas zebras).
8. Ceará 1 x 0 Macaé (20 de novembro) – nota 3,75
A Série B tinha tudo definido antes da última rodada, menos o quarto time rebaixado. E coube a dois adversários diretos na briga contra a degola se enfrentarem: Ceará (42 pontos) e Macaé (43). No fim, mais de 45 mil torcedores foram ao Castelão para empurrar o Vozão, que venceu por 1 a 0 e se salvou (um verdadeiro milagre comandado pelo técnico Lisca, o quinto diferente na campanha, que assumiu o clube com a missão de vencer sete jogos nas nove partidas finais). O time macaense ainda tentou o empate (e a salvação) no fim, mas o goleiro Éverson fez duas defesas milagrosas. Pouca festa da torcida alvinegra? A arrancada incrível evitou que fizessem companhia ao rival Fortaleza, que em 2016 amargará o sétimo ano consecutivo na Série C.
7. Argentina 0 x 2 Equador (8 de outubro) – nota 3,91
A Argentina não perdia no Monumental de Nuñez há 22 anos, desde o catastrófico 5 a 0 contra a Colômbia nas Eliminatórias da Copa de 94. Apesar da ausência de Messi, ninguém poderia imaginar que o tabu se encerraria contra o Equador, um freguês histórico. Com uma aplicação tática incrível, o azarão surpreendeu e venceu na estreia das Eliminatórias por 2 a 0, com gols de Erazo, zagueiro do Grêmio, e Caicedo. Na sequência, os equatorianos ainda mantiveram 100% de aproveitamento e fecharam o ano na liderança do qualificatório continental.
5. Cuiabá 5 x 1 Remo (7 de maio) – nota 4,05
No primeiro jogo pelas finais da Copa Verde, o Remo recebeu o Cuiabá em Belém e venceu por 4 a 1. Título decidido, certo? Errado! No Mato Grosso, a equipe cuiabana deu show e fez 4 a 0, graças a três gols de Raphael Luz. O Remo diminuiu para 4 a 1 aos 28 minutos do segundo tempo, apimentando ainda mais a decisão. Só que Nino Guerreiro fez 5 a 1 aos 35 minutos da etapa final e deu o título ao Dourado. O feito na Arena Pantanal valeu ao Cuiabá uma vaga na Copa Sul-Americana de 2016.
5. Cuba 1 x 4 New York Cosmos (2 de junho) – nota 4,05
Em meio aos importantes esforços de Estados Unidos e Cuba para restabelecer relações diplomáticas, o New York Cosmos foi a Havana para enfrentar a seleção cubana. O jogo foi recebido com festa, apesar da chuva no Estádio Pedro Marrero, com direito a Pelé na delegação americana e hino e bandeira dos EUA antes do pontapé inicial. Quando a bola rolou, o Cosmos venceu sem dificuldades, com quatro gols ainda no primeiro tempo.
4. Comercial-SP 3 x 3 Botafogo-SP (22 de dezembro) – nota 4,16
Mesmo antes de acontecer, o clássico anunciado como “Come-Fogo do Século” já reunia ingredientes para ser lembrado como um dos grandes jogos do ano. O amistoso organizado pela Fundação Gol de Letra em Ribeirão Preto contou com o camaronês Samuel Eto’o (sim, AQUELE, ex-Barcelona, Real Madrid, Chelsea e Inter de Milão) em campo, vestindo a camisa das duas equipes, e ainda veteranos como Raí (pela Pantera) e Vágner Mancini (pelo Bafo). Todos mostraram bom futebol, mas, claro, o destaque maior foi a estrela africana: ele marcou três gols (dois pelo Bota e um pelo Leão) e ainda deu um show de simpatia, admitindo, inclusive, ser pior que Obina.
3. Bayern de Munique 5 x 1 Wolfsburg (22 de setembro) – nota 4,29
No intervalo da partida, o Wolfsburg vencia fora de casa por 1 a 0. Foi aí que o técnico Pep Guardiola olhou para o banco de reservas e encontrou Robert Lewandowski. O polonês entrou em campo e resolveu: marcou cinco gols em nove minutos. O feito valeu a ele nada menos que quatro certificados no Livro dos Recordes. O curioso é que, menos de duas semanas depois, o impensável aconteceu novamente, mas a marca ficou longe de ser igualada: o argentino Agüero, do Manchester City, fez 5 gols contra o Newcastle, porém precisou de 23 minutos, mais que o dobro do tempo.
2. França 2 x 0 Alemanha (13 de novembro) – nota 4,51
O grande clássico europeu em Saint-Dennis ficou em segundo plano. Aquela noite em Paris será para sempre lembrada pelo que aconteceu fora do campo. Três bombas detonadas nos arredores do Stade de France (ouvidas durante a transmissão da TV) integraram uma série de ataques terroristas do grupo radical Estado Islâmico na capital francesa. O presidente francês François Hollande precisou ser retirado do local às pressas e, após o apito final, os torcedores, orientados a permanecer no estádio por razões de segurança, desceram atônitos até o gramado. Não foi diferente com as seleções, que só foram informadas do ocorrido após o fim do jogo e passaram a madrugada acuadas nos vestiários. No total, mais de 100 pessoas morreram nos diversos atentados.
1. Chapecoense 2 x 1 River Plate (28 de outubro) – nota 4,64
De um lado, uma emergente equipe que disputava a quarta divisão nacional em 2009. Do outro, o atual campeão da Copa Libertadores. Mas quem esperava um confronto desequilibrado se surpreendeu com a valentia da Chapecoense, em duelo pelas quartas de final da Copa Sul-Americana. Diante da derrota por 3 a 1 em Buenos Aires, o time catarinense pressionou, fez 2 a 1 e quase marcou o terceiro, com uma bola que raspou o travessão no fim do jogo. O Verdão do Oeste ficou no quase, mas caiu de pé, sendo elogiado por toda a imprensa argentina e até tirando sarro do rebaixamento do River.
QUEM VOTOU
Adalberto Leister (Máquina do Esporte), Allan Brito (Goal Brasil), Allan Farina (Goal Brasil), Arthur Chrispin (freelancer), Brunno Carvalho (UOL), Celso Unzelte (ESPN Brasil), Cirilo Junior (Rede Globo), Cristiano Silva (Rádio Guaíba), Dassler Marques (UOL), Diego Freire (Última Divisão), Diego Ribeiro (Globo Esporte), Emanuel Colombari (UOL), Evandro Furoni (freelancer), Fabio Chiorino (ESPN Brasil), Fábio Lima (Cidade Verde), Felipe Lobo (Trivela), Fernando Cesarotti (ESPN Brasil), Gabriel Andrezo (FutRio), Gabriel Francisco Ribeiro (UOL), João Almeida (Linha de Fundo), João Paulo di Medeiros (O Popular), José Edgar de Matos (ESPN Brasil), Júlia Zocchio Caldeira (UOL), Júlio Simões (Última Divisão), Leandro Santiago (TV Anhanguera), Leandro Stein (Trivela), Leonardo Bonassoli (freelancer), Lucas Mello (Placar.com.br), Luís Augusto Símon (UOL), Luís Felipe dos Santos (A La Fresca), Luiz Castro (Veja), Marco de Vargas (FOX Sports), Napoleão de Almeida (freelancer), Renan Prates (Torcedores.com), Rodrigo Gasparini (Cruzeiro do Sul), Wagner Gianella (Terra) e William Correia (Gazeta Esportiva).
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