Veio do Ceará a boa notícia do último final de semana: o Uniclinic, presença constante na primeira divisão entre 1999 e 2008, conquistou o título da terceira divisão do Campeonato Cearense ao derrotar o Itapajé por 1 a 0 na final, esboçando uma reação da decadência apresentada nos últimos anos.
Mas como o Uniclinic chegou à Série C?
Vamos por partes. O Uniclinic Atlético Clube surgiu em 1996, da iniciativa de Vanor Cruz. Médico do Hospital de Clínicas do Ceará, Vanor era também conselheiro do Fortaleza e incentivador do esporte. Em 1996, construiu por conta própria o primeiro centro de treinamentos do estado do Ceará, com um estádio (que leva o nome do pai de Vanor) e quatro campos de treinos. Em 1997, a iniciativa se transformou no Uniclinic, que ganhou o nome do hospital no qual o fundador trabalhava.
Na elite estadual, o time de Vanor chegou a se destacar, alcançando o quarto lugar no Campeonato Cearense em 2004 e 2005. No entanto, em 2008, a lanterna do torneio (com 16 derrotas em 18 jogos) iniciou a decadência do clube. Em 2010, a morte do filho de Vanor (David Cruz, também médico) tirou ainda mais o interesse do mecenas do time no esporte.
Em 2013, o Uniclinic foi vice-lanterna da segunda divisão, caindo para a terceira. Em 2014, a situação do outrora moderno CT era ruim: sem energia elétrica, com aparelhos enferrujados, e o terreno parcialmente negociado para investidores, que relutavam em reformar as instalações e optavam por administrar o local para terceiros.
Porém, contrariando qualquer prognóstico inicial, a temporada de estreia do Uniclinic na Série C foi vitoriosa – muito em virtude da exigência técnica da competição, é verdade. Em sete jogos pela terceira divisão, foram quatro vitórias, dois empates e uma derrota. A equipe ainda teve o vice-artilheiro do certame: Netinho, com quatro gols.
Talvez seja a volta da Águia da Precabura de volta ao topo. Dentro e fora de campo, o futuro do Uniclinic é bastante incerto. O presente, no entanto, permite sonhar com uma luz no fim do túnel.
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