São cinco anos consecutivos na primeira divisão estadual. Conhecido como Elefante da Noroeste, o Clube Atlético Linense vem despontando como uma das principais forças do interior de São Paulo. E agora, aos 87 anos de vida, ganha uma obra literária à altura de sua história. Clube Atlético Linense: o Elefante da Noroeste, do pesquisador Wanderley Frare Júnior, é um trabalho pioneiro em resgatar a trajetória da agremiação. O autor conversou com exclusividade com o Última Divisão. Confira:
Última Divisão: Como surgiu a ideia de você realizar um livro sobre o Linense?
Wanderley Frare Júnior: Foi quando o time conquistou o título da Série A-2 do Campeonato Paulista, em 2010.
UD: O livro analisa a história do clube ano a ano?
WFJ: Não. Pela grande dificuldade de não estar morando em Lins-SP e sim em Osasco-SP [400km de distância], recolhi o máximo de informações que pude. Acho que ficou bastante completo, em termos de conteúdo, a partir da fundação em 1927. Mas poderia ser ainda mais completa se eu morasse em Lins, claro.
UD: A obra aborda o histórico título do Elefante em 1952?
WFJ: Sim. Há um capítulo bastante completo, relatando a conquista e suas repercussões. O livro também traz informações bastante completas sobre a construção do estádio Gigante de Madeira. Foi nesse local que o clube mandou suas partidas durante sua primeira passagem pela divisão de elite do estado.
UD: Por que o Linense ficou pouco tempo na elite do estado em sua primeira passagem pela divisão?
WFJ: Foi mais pela falta de recursos financeiros (velho problema dos clubes interioranos). Isso falou mais alto e o clube não conseguiu montar um grande time em sua última participação, na temporada de 1957.
UD: Quais fatos desconhecidos você descobriu realizando o livro?
WFJ: Inúmeros. Basta ler o livro. Quem gosta de histórias sobre futebol, do modo geral, vai curtir muito os causos que estão na obra.
UD: Qual foi sua maior dificuldade realizando a obra?
WFJ: A pesquisa durou cerca de três anos e meio. Mas o mais complicado foi a distância e a falta de informações sobre as divisões inferiores em determinados anos e campeonatos.
UD: Na sua opinião, quais são os principais ídolos da história do Linense?
WFJ: Por importância (pois a opinião de cada um é subjetiva), posso citar os grandes craques que ficaram longos anos no clube, principalmente na época da primeira passagem pela elite. Seriam então: Américo Murolo, Frangão, Fausto (ídolo atual de grande importância em diversas campanhas), Geraldo, Dito Braz, Alemãozinho, Marco Antonio, Cardosinho, Edgard Bergmaschi (jogador e presidente), Noca (um dos jogadores que por mais anos defendeu o clube).
UD: Como você analisa o atual momento do clube?
WFJ: Complicado pela falta de recursos. Esse é um velho problema. Dessa maneira, fica complicado montar um plantel mais competitivo. Principalmente para jogar contra os clubes grandes.
UD: O que você acha que a Federação Paulista poderia fazer para que times tradicionais como o Linense fossem mais fortes?
WFJ: Realizar um campeonato mais forte, visível e rentável no segundo semestre, para as equipes que não estivessem em nenhuma divisão do Campeonato Brasileiro. Porque hoje o clube tem que fechar as portas por meses até a disputa do próximo Paulista. A Copa Federação (atual Copa Paulista) é um torneio muito deficitário e sem visibilidade para que o clube mantenha um elenco competitivo por todo o ano.
UD: Na sua opinião, quais ações poderiam ser feitas para que o Linense tivesse maior presença nacional?
WFJ: Se ao invés do “classificatório” através do Paulistão fossem feitas novas distribuições de vagas por regiões, acho que o clube talvez tivesse chances mais concretas de conquistar uma vaga em torneios nacionais. Seria preciso estudar uma fórmula que não fosse muito dispendiosa para os clubes menores, que têm poucos recursos. Talvez campeonatos regionais (não estaduais) com disputas entre clubes menores, que não tivessem classificação assegurada em nenhuma das quatro divisões até então, e que proporcionassem disputas mais justas por essas vagas na Série D (atual divisão mais inferior do Brasileiro).
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