02 de Abril de 2011. Hoje, um dos mais tradicionais clubes do futebol brasileiro completa 100 anos de história. Trata-se do Guarani, o primeiro e único campeão brasileiro do interior, recordista em participações no Campeonato Paulista e bicampeão da Série B Nacional.
Com certeza, grande parte dos leitores sabem da história do clube que tem o nome em homenagem à ópera “O Guarani”, obra mais conhecida do maestro e compositor clássico Carlos Gomes, um dos mais ilustres campineiros de todos os tempos. Por isso, vamos falar apenas das curiosidades da história do Bugre, que poucas pessoas lembram ou sabem que algum dia aconteceu.
Começando pela criação do clube, fundado por jovens da parte nobre da cidade. Na primeira reunião para organizar o time que jogaria as competições citadinas, deu-se o nome de “Guarany Foot-Ball Club” e a primeira curiosidade da centenária história bugrina. Isso porque, na verdade, o time foi fundado no dia 1º de abril, o dia da mentira, mas teve seu estatuto alterado para evitar gozações futuras dos adversários. Com isso, a data de fundação acabou transferida para o dia seguinte, 02 de abril.
Segundo o site oficial do clube, o primeiro jogo do novo time foi contra o Sport Club 15 de Novembro, que conquistou a vitória por 3 a 0. Mas a tão aguardada vitória viria na partida seguinte, em 16 de julho de 1911, contra o Corinthians Foot-Ball Club de Campinas, que perdeu por 2 a 0. Naquela ocasião, o Guarani foi a campo com Oliveira, Bertoni e Gonçalo; Marotta, Nick e Panattoni; Miguel, Trani, Fritz, Romeo e Grecco.
Depois disso, o Bugre dominou o futebol campineiro e foi por várias vezes campeão citadino, além de ter sido um dos primeiros clubes do interior paulista a aderir ao profissionalismo. Em 1949, venceu a 2ª divisão de profissionais do Paulistão e ganhou o direito de disputar a primeira, onde ficou sem cair por mais de 50 anos.
Ao longo dos anos, muitos craques passaram pelo Guarani e muitos também foram revelados pelas categorias de base do clube. Caso de Evair, Amoroso, Luisão, Zenon, Jorge Mendonça, entre outros. O que pouca gente sabe, porém, é que o primeiro jogador da história do clube convocado para a seleção brasiliera tinha a alternativa alcunha de Tião Macalé e jogou a Copa América de 1963, na época ainda chamada de Campeonato Sul-Americano de Futebol.
Um dos grandes orgulhos da torcida bugrina é, sem dúvidas, o título brasileiro de 1978, até hoje o único título nacional de um clube de fora da capital. Com o título nacional, o Guarani ganhou direito de disputar a Copa Libertadores do ano seguinte, que apesar da grande campanha é uma das participações mais obscuras da competição, com poucas fontes, fotos ou vídeos.
Na primeira fase, o Bugre caiu no grupo com times peruanos e o Palmeiras, vice-campeão brasileiro de 1978, e ficou com a liderança do grupo, com cinco vitórias e apenas uma derrota. Entre os destaques da primeira fase, vale citar a goleada de 4 a 1 para cima do Palmeiras jogando em São Paulo e a goleada de 5 a 1 sobre o Universítário no Brinco de Ouro da Princesa. Na segunda fase, o time campineiro caiu em um novo grupo formado por Olímpia-PAR e Palestino-CHI, mas não foi tão bem e terminou a segunda fase sem vitórias e apenas com três empates. O líder do grupo foi Olímpia, que mais tarde seria campeão da competição.
Além de 1979, o Guarani disputou a Libertadores em mais duas oportunidades. Em 1987, foi eliminado na primeira fase pelo Cobreloa-CHI. Em 1988, por outro lado, o Bugre voltou a ter pela frente clubes peruanos e, mais uma vez, chegou à segunda fase. Nas oitavas, o adversário foi o San Lorenzo-ARG, com quem empatou em 1 a 1 no primeiro jogo, fora de casa. No Brinco de Ouro, porém, o Bugre foi derrotado por 1 a 0 e eliminado da competição.
Nas duas últimas décadas, entretanto, a torcida bugrina sofreu bastante com más administrações, rebaixamentos seguidos e muitos problemas. A última boa campanha do Bugre foi no Brasileiro de 1994, com um time que tinha Amoroso, Fábio Augusto, Luizão e Edu Lima. A crise do Guarani chegou a tal ponto que, em 2006, a torcida chegou a desafiar o time profissional para um “amistoso”, que obviamente nunca ocorreu, mesmo com a equipe formada pela torcida tendo comparecido na hora marcada no Brinco de Ouro da Princesa.
A cena se repetiu em 2008, quando o time profissional foi novamente desafiado pela torcida, que chegou a divulgar a própria escalação na imprensa e fez uma lista de exigências, como a queda do treinador Roberval Davino e – a mais bizarra – o direito de a torcida usar a camisa principal do time em campo, sob a alegação de que o elenco profissional não mereceria tal honra.
Atualmente, o Bugre está na fase final da Série A-2 do Paulista, brigando para subir de divisão e voltar para a elite do futebol paulista. Nós, do Última Divisão, esperamos que os tempos de glória retornem, com o time brigando por títulos e revelando grandes atletas ao invés de crises e rebaixamentos.
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