Tradicional equipe do interior paulista, o União Agrícola Barbarense enfrenta uma de suas piores fases já vividas. O clube centenário da cidade de Santa Bárbara d’Oeste carrega consigo uma história linda, mas que hoje fica com uma mancha após o time ter sido rebaixado à Série A3 do Campeonato Paulista em uma campanha completamente conturbada e negativa na Série A2 de 2017. Com um empate, quatro vitórias e 14 derrotas, sendo goleado em quatro delas por equipes que passaram pela zona de rebaixamento no decorrer do campeonato, o Leão da 13 somou apenas 13 pontos em 19 rodadas, tendo um aproveitamento de 22,8%.
Esta foi a segunda pior campanha nas três divisões do Campeonato Paulista em que o União Barbarense já disputou, ficando atrás apenas do desempenho da Série A2 de 2006, onde somou apenas seis pontos com uma vitória, três empates e 14 derrotas. O aproveitamento daquele ano foi de 7,4%. Nem quando esteve pela última vez na primeira divisão paulista, em 2013, o Leão da 13 teve um desempenho pior do que este ano. Na ocasião, foram somados 16 pontos em 19 jogos – três a mais que a campanha desta edição.
Além dos números catastróficos, também pode-se incluir na lista de motivos principais da queda em 2017 a ausência de um planejamento antecedendo o campeonato, um elenco fraco tecnicamente, a estrutura precária oferecida aos atletas, os problemas extracampo e todas as coisas que se pode – ou não – imaginar que aconteceram na Toca do Leão para que o descenso se concretizasse. Mesmo com suas limitações, o elenco demonstrou muito esforço para tentar livrar a equipe barbarense da zona da degola, assim como a comissão técnica, mas a união de todos não foi suficiente para evitar o pior.
Há quem diga que o descenso de 2017 foi um acontecimento atípico dadas as circunstâncias no decorrer de todo o campeonato, mas há argumentos suficientes para provar que nada foi por acaso. Muito pelo contrário. O erro começou no costume de deixar tudo para a última hora, acionando o típico jeitinho brasileiro na hora de resolver os problemas.
Em 2016, também foi assim: tudo decidido em cima da hora. Elenco montado às pressas, salários baixos (e mesmo assim atrasados) e muitos problemas extracampo. Felizmente, dentro das quatro linhas, os resultados chegavam; de vitória em vitória, a classificação para a fase mata-mata chegou, mas o Leão da 13 não teve vida longa na continuidade e caiu nas quartas de final diante do Mirassol.
A diferença de 2016 para 2017 é que, dentro de campo, as coisas não deram certo – e aconteceram numa intensidade muito maior fora de campo. Jairo Araújo, um presidente inexperiente na função e sem conhecimento em como administrar um clube de futebol, colocou em xeque todo o ano do União Barbarense ao dar carta branca a pessoas de fora que vieram a Santa Bárbara d’Oeste para desenvolver um projeto que ninguém nunca viu de fato. Araújo assumiu o posto de mandatário após a renúncia de Ademir Cruz, de quem era vice.
Emerson Melo, ex-zagueiro que defendeu as cores do União Barbarense em 1999, 2001 e 2003, chegou ao clube como diretor executivo; com ele trouxe Fábio Costa, ex-goleiro do Santos e Corinthians, para atuar como gerente de futebol. Após meses buscando auxílio financeiro para colocar em prática seu projeto mirabolante, Emerson não teve sucesso e, diante de tantos conflitos com a imprensa e a ineficiência de seu trabalho, o presidente optou por desligá-lo do clube.
As promessas da diretoria eram jogadas ao vento a cada dia que passava. Diferente do que se havia comentado pelos dirigentes, a comissão técnica e os jogadores não tinham experiência alguma no futebol paulista, e foram apresentados faltando menos de 30 dias para o início da Série A2. A maioria dos que chegaram era jovem, alguns já tinham uma idade avançada e tantos outros estavam com o condicionamento físico precário, comprometendo o desempenho da equipe no início do campeonato.
Era notório que o time não teria força nenhuma no campeonato – tanto que a primeira vitória do União Barbarense aconteceu somente na nona rodada, em casa, diante do Votuporanguense: 2 a 1. Uma vitória de virada, sofrida e que por pouco não aconteceu. Fora de casa, a única vitória foi diante do Bragantino na 12ª rodada. A única partida em todos os 19 confrontos em que o Leão da 13 venceu e convenceu.
Na maioria das partidas, o União Barbarense até conseguia mostrar uma postura razoável dentro de campo, já que, ao longo do campeonato, os setores de meio de campo e defesa foram ganhando liga, mas um ataque ineficiente não correspondia ao desempenho do restante do time, e isso acarretou no óbvio: pior ataque (13 gols marcados) e uma das piores defesas (41 gols sofridos, empatando com o Mogi Mirim) de todo o campeonato, não à toa ocupando a última colocação em praticamente todas as rodadas até o encerramento da primeira fase. Ao término do campeonato, Fábio Costa também foi desligado do clube após um balanço de seu trabalho realizado e a ausência de resultados positivos do mesmo.
O segundo semestre de 2017 não contará com o futebol profissional do União Barbarense, que se absteve da disputa da Copa Paulista por falta de recursos financeiros, assim como no ano anterior. Serão nove meses de hiato. Tempo de sobra para o presidente Jairo Araújo, que terá um grande desafio pela frente: tentar corrigir o máximo de erros que cometeu no decorrer da Série A2 para que, na Série A3 de 2018, o União Barbarense possa, no mínimo, se manter na divisão que disputar.
O União Barbarense está de volta à terceira divisão do Campeonato Paulista em após dez anos. A última vez em que foi visto na Série A3 foi em 2008, onde conseguiu o acesso de volta à A2 após apresentar uma ótima campanha na primeira fase, se classificar em segundo dos oito primeiros colocados e assegurar novamente a vice-liderança do Grupo 3 da segunda fase.
(A foto que abre o texto é de Marcelo Rocha, do jornal O Liberal.)
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