Você já se fez essa pergunta? Você já imaginou como seria se os campeonatos não existissem e seu time só precisasse bater o atual campeão para tomar seu trono? Se sim, a notícia boa é que você não está sozinho.
Acontece que o jornalista britânico Paul Brown não só imaginou isso como colocou as coisas para funcionar. Batizado de Unofficial Football World Championships (poderia ser traduzido como Campeonato Mundial Não-Oficial de Futebol), a metodologia trata todo e qualquer jogo da seleção campeã contra sua desafiante como uma verdadeira defesa do título.
Segundo a contagem não-oficial, o Chile é o atual campeão mundial de futebol após atropelar o México por 7 a 0 na Copa América Centenário. Desde então dois desafiantes sucumbiram: Colômbia e Argentina. E agora os chilenos defendem o cinturão contra o Paraguai em jogo pelas Eliminatórias em setembro.
A gênese do ranking vem de 1967, quando a Inglaterra disputou contra a azarona Escócia o título da British Home Championship – um quadrangular entre os quatro países do Reino Unido que acontecia anualmente entre 1884 a 1984.
Precisando só de um empate para levantar o caneco, os ingleses vacilaram e perderam para os rivais escoceses por 3 a 2 em pleno estádio de Wembley. Aquela foi a primeira derrota da equipe campeã mundial de 1966. Então é de se imaginar que a piada entre os escoceses era a de que o título agora era deles.
Paul Brown escreveu sobre o caso na revista FourFourTwo em 2003 e decidiu se tornar o curador da ideia com o site ufwc.co.uk, onde é possível encontrar resultados de todos os mais de 900 embates entre desafiantes e desafiados, datados desde o primeiro jogo internacional da história, em 1872. Ele também lançou um livro narrando os melhores embates do Mundial não-oficial.
A última vez que o Brasil se tornou campeão não-oficial foi em outubro de 2014, na vitória contra a Argentina por 2 a 0 em amistoso em Pequim. O domínio brasileiro durou até a Copa América de 2015, quando perdemos para a Colômbia. Tivemos duas chances de recuperar o trono: contra o Chile, em outubro de 2015, e contra o Uruguai, em março de 2016, ambas pelas Eliminatórias da Copa, mas falhamos nas duas.
Outra curiosidade: durante a Copa de 2014 tivemos cinco campeões não-oficiais. Uruguai entrou na competição defendendo o título, mas perdeu logo no primeiro jogo para a Costa Rica. O time da América Central permaneceu invicto até ser parado pela Holanda nas quartas de final. Os holandeses, porém, levaram a pior contra a Argentina na semi, e a Argentina caiu diante da Alemanha na final.
O mais estranho de tudo é que os líderes do ranking, os maiores campeões do mundo do ranking não-oficial, são Escócia e Inglaterra, mas há uma explicação. Segundo Paul Brown, os primeiros jogos internacionais aconteciam entre os países da Grã-Bretanha e eles raramente enfrentavam outras seleções, então os títulos eram passados de um vizinho para o outro. Tanto que o reinado britânico só acabou em maio de 1931, quando a Áustria ganhou da Escócia por 5 a 0 e se tornou a primeira campeã não-oficial fora da ilha.
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