Não se preocupe: não é todo mundo que se lembra de José Porras, goleiro da Costa Rica na Copa do Mundo de 2006. Mas pudera: além do desempenho discreto dos Ticos no Mundial da Alemanha, com três derrotas em três jogos, Porras ainda teve seu nome “escondido” pelos narradores brasileiros, por motivos óbvios. Enfim, caso você não tenha reconhecido, trata-se do goleiro Rossé, do qual você deve ter ouvido falar entre 2005 e 2006.
José Francisco Porras Hidalgo nasceu em 8 de novembro de 1970, na cidade costarriquenha de Grécia, uma das mais importantes da província de Alajuela. Em 1989, estreou como profissional do Herediano, onde atuou por quatro anos e no qual conquistou o título da Primera Divisón da temporada 1992/1993. No entanto, pouco aproveitado (23 jogos em quatro anos), foi negociado com o modesto Belén, de cidade homônima, em 1993.
A partir daí, Porras passou a ter papel de relativo destaque nos clubes pelos quais passou – além do Belén (1993 a 1994), jogou mais tarde por Puntarenas (1994 a 1995) e Carmelita (1995 a 1996). Em 1996, chegaria ao Deportivo Saprissa, mas contratado para ser reserva do goleiro titular do clube, Erick Lonnis – este, dono da camisa 1 da seleção costarriquenha entre 1993 e 2002.
Foram quatro anos no Saprissa, até que uma negociação o levou de volta ao Carmelita em 2000. Em 2002, retornou ao Saprissa, onde ficou por seis anos. Aí, com Lonnis em baixa, Porras foi ganhando espaço, conquistando a titularidade e se tornando uma das referências do elenco. Porém, até que chegasse a ser titular de uma equipe de destaque na Costa Rica, Porras não deixou os estudos de lado, formando-se em administração de empresas pela Universidad Latina de Costa Rica.
“Desde o início da minha carreira, vi o futebol como uma profissão (…). Isto é algo muito pessoal. Sou assim. Meus pais (Edith Hidalgo e Noin Porras) me deram disciplina e responsabilidade”, disse Porras em entrevista ao Semanario Universidad, colocando os salários recebidos no esporte em segundo plano. “A questão econômica é importante, mas, no meu caso, o dinheiro nunca foi prioridade. Amo o futebol, que corre em minhas veias, mas é a minha profissão”, completou, preparando-se para uma carreira posterior.
Foi nesta segunda passagem pelo Saprissa que Porras conheceu o auge. Entre 2002 e 2008, conquistou cinco títulos nacionais, além da Copa dos Campeões da Concacaf de 2005. O título continental valeu ao time costarriquenho a presença no Mundial de Clubes da Fifa em dezembro, onde o goleiro se tornou conhecido do torcedor brasileiro.
É verdade que a fama de Porras no Brasil é creditada mais ao significado de seu nome por aqui do que pela atuação na derrota para o Liverpool por 3 a 0, na estreia do ingleses, já nas semifinais da competição. Quem não se lembra do constrangimento de parte dos narradores brasileiros, que se desdobravam para não dizerem o sobrenome do goleiro do Saprissa? Era um festival de Rossé, de Pórras, de Rosséporas e por aí vai…
As “acrobacias narrativas” se repetiram na Copa do Mundo de 2006, quando Porras levou a melhor sobre Álvaro Mesén e assumiu a titularidade da seleção da Costa Rica. O desempenho não foi dos melhores, com derrotas para Alemanha (4 a 2 na estreia), para o Equador (3 a 0) e para a Polônia (2 a 1). Mesmo assim, ficou a lembrança de lances em que os locutores tentavam disfarçar o nome do goleiro – relembre aqui um Rosséporas em Alemanha x Costa Rica, ou reveja aqui um “o goleiro da Costa Rica” no jogo contra a Polônia.
Depois de sua única Copa do Mundo, deixou o Saprissa em 2008, acertando sua volta ao Carmelitas. Ali, aposentou-se em 2009. Desde então… Bem, este blog não encontrou mais informações a respeito de sua trajetória, mas acreditamos que ele foi exercer a profissão de administrador de empresas, ou foi ser treinador de goleiros de categorias de base, como gostaria. Informações?
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